TEXTO II
Durante os anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial houve o que foi chamado “Política de Boa Vizinhança” dos Estados Unidos, com a intenção de estreitar os laços com os outros países da América latina. O resultado foi de trocas comerciais e culturais – com o prevalecimento da influência dos EUA. Para contribuir nessa aproximação cultural Walt Disney foi contratado para criar filmes animados nos quais os seus personagens norte-americanos interagiam com os latino-americanos. No Brasil, ele e sua equipe fizeram escala em Belém e depois visitaram o Rio de Janeiro, chegando até mesmo a conhecer o presidente Getúlio Vargas.
Dos estudos artísticos que fizeram pela América latina, resultaram os filmes “Alô, Amigos” (1942), que marca a estreia de Zé Carioca, e “Você já foi à Bahia?” (1944). O estereótipo do Brasil dessas animações é o do país rural, coberto de vida selvagem e natureza exuberante, o que o tornava interessante para o gosto pelo exótico, muito difundido nas grandes potências. Quanto ao personagem, no primeiro filme Zé é apenas um papagaio divertido e caloroso que leva Donald para tomar cachaça e dançar samba no Rio de Janeiro. Nas devidas proporções, ele era um personagem tão inocente quanto qualquer outro do estúdio.
A mudança veio nas tiras em quadrinhos publicadas em jornal americano semanalmente, de 1942 a 1944. Desde sua primeira tira o personagem brasileiro tem sua índole distorcida: ele vai a um restaurante caro pensando em como fazer para não pagar a conta. A partir daí, só malandragem. Sempre tentando obter vantagens, mente descaradamente todo o tempo. Mesmo morando em um barraco no lixão, passa-se por rico, principalmente quando o objetivo é dar em cima de alguma mulher (ou passarinha, se preferir). E a cada mulher que conhece é uma nova obsessão. Os 2 anos de tiras de jornal apoiam-se em enrascadas criadas pelo próprio Zé com suas mentiras, sempre atrás de algum negócio fácil e lucrativo e de um rabo-de-saia, precisando criar novas mentiras para safar-se com as penas intactas.
Adaptado de <https://sonhosdespertos.wordpress.com/2012/12/08/ze-carioca-e-o-estereotipodo-brasil/> Acesso em 03 mar. 2020.
Sobre o texto II, só não se pode afirmar que