TEXTO II
Leia um trecho de uma entrevista com o antropólogo Roberto DaMatta:
O jeitinho brasileiro é uma forma de corrupção?
Se a regra transgredida não causa prejuízo, temos o “jeitinho” positivo e, dirá eu, ético. Por exemplo: estou na fila, chega uma senhora precisando pagar sua conta que vence aquele dia e pede para passar na frente. Não há o que reclamar dessa forma de “jeitinho”, que seria universal porque poderia ocorrer na maioria dos países conhecidos, exceto talvez na Alemanha ou na Suíça, onde um trem sai às 14:57! E sai mesmo: eu fiz o teste.
A questão sociológica que o “jeitinho” apresenta, porém, é outra. Ela mostra uma relação ruim com a lei geral, com a norma desenhada para todos os cidadãos, com o pressuposto que essa regra universal produz legalidade e cidadania! Eu pago meus impostos integralmente e por isso posso exigir dos funcionários públicos do meu país. Tenho o direito — como cidadão — de tomar conta da Biblioteca Nacional, que também é minha. Agora, se eu dou um jeito nos meus impostos porque o delegado da receita federal é meu amigo ou parente e faz a tal “vista grossa”, aí temos o “jeitinho” virando corrupção. (...) O que nos enlouquece hoje no Brasil não é a existência do jeitinho como ponte negativa entre alei e a pessoa especial que dela se livra. É a persistência de um certo estilo de lidar com a lei, marcadamente aristocrático, que de certo modo induz o chefe, o diretor, o dono, o patrão, o governador, o presidente a passar por cima da lei porque ele a “empossa”.
DaMatta, R. Entrevista. Disponível em: http://maniadehistoria.wordpress.com/. Acesso em: 19 ago 2014. (adaptado)
Considerando o Texto II, escolha a alternativa CORRETA.
Para Roberto DaMatta:
I) o “jeitinho brasileiro” é sempre sinônimo de corrupção.
II) toda regra transgredida provoca prejuízo aos outros.
III) ocupar certos cargos não significa estar acima da lei.