TEXTO:
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
5 No sonho que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
10 Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
15 Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
20 Seu corpo desceu ao mar...
GUIMARAENS, Alphonsus de. Pastoral aos crentes do amor e da morte. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. p. 313-314.
Denomina-se sinestesia a figura de linguagem em que palavras ou expressões sintetizam uma combinação de sensações ou impressões sensoriais diferentes. Há um exemplo de sinestesia em