TEXTO: MANIPULAÇÃO
A manipulação atira para todos os lados. Por exemplo, chega a dizer que tudo dá câncer. Mesmo o cafezinho, por coincidência quando o preço dispara – ou o chá, quando ameaça o café. Às vezes, em vez de catástrofe, exagera o benefício: tudo salva, até o chuchu. Mas faça as contas: você precisa comer uma tonelada por dia – ou comprar aquele remédio que, na maior inocência, a campanha está a divulgar.
Na mesma linha, a manipulação inventa dietas milagrosas, definitivas, infalíveis. Como isso, coma aquilo, como a quilo, como a grama, mas coma agora. Preocupa-se apenas com a fortuna que trará ao patrocinador, jamais com a frustração que atingirá o consumidor. Depois, em consolo, alardeará que ser gordo não é problema, desde que se esteja bem condicionado fisicamente.
(GIFFONI, Luís. Trecho de “Jacaré debaixo da cama”, in O fascínio do nada. Belo Horizonte: Pulsar, 2010, p.53-54.)
A exemplificação dos procedimentos explorados no texto foi feita INCORRETAMENTE em: