Tão logo a Lei Áurea foi assinada em 13 de Maio de 1888, a produção da memória sobre esse acontecimento teve início através de publicações em jornais e revistas, festejos públicos, passeatas de todo tipo de manifestação comemorativa. O artigo de jornal abaixo, publicado em 27 de maio de 1888, descreve uma dessas celebrações na cidade de Santos, no litoral paulista:
O pórtico foi levantado sobre um pedestal imitando mármore branco. No centro sobre um painel de cor azul está sentada a figura simbólica da lei com as duas datas celebres – a de 28 de Setembro de 1871 e 13 de Maio de 1888. Do lado da igreja um belíssimo quadro com o busto de José Bonifácio completava o outro frontispício do pórtico. Sobre o pórtico havia um índio. Tendo na mão uma bandeira onde tinha a seguinte divisa: Brazil Livre. [...] Ao lado da figura do índio, que tem aos seus pés os instrumentos dos castigos e dos suplícios da escravidão, estão colocados dois bustos, um do imortal Luiz Gama, e outro do velho José Bonifácio, uma justa homenagem prestada a dois patriotas, que tanto trabalharam pela libertação dos escravos no Brasil.
Diário de Santos, 27 de maio de 1888. In: SANTOS, F. F. T. dos. Tecendo laços e ligando pontos: homens de cor, culturas políticas, racialização e a armadura (in)vulnerável de cidadão, Santos (1870-1898). Dissertação de Mestrado, Unicamp, 2021, p. 138.
Sobre as primeiras construções da memória sobre a abolição, é correto afirmar que