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2023
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Tão logo a Lei Áurea foi assinada em 13 de Maio de 1888, a produção da memória sobre esse acontecimento teve início através de publicações em jornais e revistas, festejos públicos, passeatas de todo tipo de manifestação comemorativa. O artigo de jornal abaixo, publicado em 27 de maio de 1888, descreve uma dessas celebrações na cidade de Santos, no litoral paulista:

O pórtico foi levantado sobre um pedestal imitando mármore branco. No centro sobre um painel de cor azul está sentada a figura simbólica da lei com as duas datas celebres – a de 28 de Setembro de 1871 e 13 de Maio de 1888. Do lado da igreja um belíssimo quadro com o busto de José Bonifácio completava o outro frontispício do pórtico. Sobre o pórtico havia um índio. Tendo na mão uma bandeira onde tinha a seguinte divisa: Brazil Livre. [...] Ao lado da figura do índio, que tem aos seus pés os instrumentos dos castigos e dos suplícios da escravidão, estão colocados dois bustos, um do imortal Luiz Gama, e outro do velho José Bonifácio, uma justa homenagem prestada a dois patriotas, que tanto trabalharam pela libertação dos escravos no Brasil.

Diário de Santos, 27 de maio de 1888. In: SANTOS, F. F. T. dos. Tecendo laços e ligando pontos: homens de cor, culturas políticas, racialização e a armadura (in)vulnerável de cidadão, Santos (1870-1898). Dissertação de Mestrado, Unicamp, 2021, p. 138.

Sobre as primeiras construções da memória sobre a abolição, é correto afirmar que
A
as memórias construídas no imediato pós-abolição deram grande protagonismo para negros e indígenas, restando ao cidadão branco um papel figurante, na forma de uma participação simbólica..
B
as narrativas memorialistas propagadas na primeira década após a abolição evidenciam as contradições e conflitos internos do abolicionismo, pois havia uma disputa explícita sobre quem eram os verdadeiros heróis.
C
durante as celebrações do fim do cativeiro, nos primeiros meses após a assinatura da Lei Áurea, os discursos procuravam diferenciar o Brasil de outras nações civilizadas, alçando-o acima delas na história da humanidade.
D
esses festejos serviram de espaço de síntese de narrativas sobre o fim do cativeiro. Como tal, buscavam agradar a um grande público enquanto pretendiam ensinar como o ocorrido deveria ser comemorado.