Questão
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
2013
Fase Única
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Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: - “Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!” Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.

— Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado!

— Meu senhor! gemia o outro.

— Cala a boca, besta! replicava o vergalho. Parei, olhei...Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio, — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a benção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.

— É, sim, nhonhô.

ASSIS, Machado de. O vergalho. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1992, p. 100.

O fragmento, inserido no contexto da obra, expressa
A
a contradição que marca o ser humano.
B
o desmascaramento dos atos altruístas.
C
o aspecto destruidor e corruptor do tempo.
D
a indiferença da Natureza ao bem e ao mal.
E
o homem e suas relações sociais guiadas pela hipocrisia.