Questão
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
2024
Fase Única
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Texto 1 
 
Barco sem rumo 

Há muitos anos, 
no fim da última guerra, 
mais para o ano de 1945, 
diziam os jornais de um navio fantasma 
percorrendo os mares e procurando um porto. 

Sua única identificação: 
— drapejava no alto mastro uma bandeira branca. 
Levava sua carga humana. 
Salvados de guerra e de uma só raça. 
Incerto e sem destino, 
todos os portos se negaram a recebê-lo. 

Acompanhando pelo noticiário do tempo 
o drama daquele barco, 
mentalmente e emocionalmente 
eu arvorava em cada porto do meu País 
uma bandeira de Paz 
e escrevia em letras de diamantes: 
Desce aqui. 
Aceita esta bandeira que te acolhe fraterna e amiga. 

Convive com o meu povo pobre. 
Compreende e procura ser compreendido. 
Come com ele o pão da fraternidade 
e bebe a água pura da esperança. 
Aguarda tempos novos para todos. 

Não subestimes nossa ignorância e pobreza. 
Aceita com humildade o que te oferecemos: 
terra generosa e trabalho fácil. 

Reparte com quem te recebe 
teu saber milenar, 
Judeu, meu irmão. 

Coralina, Cora. Meu livro de cordel! 18º ed.- São Paulo: Global 2013, pp. 45 e 46 


Analise as proposições em relação à obra, à autora e ao poema — Texto 1, e assinale a alternativa correta. 
A
Na obra de Cora Coralina é possível observar características bastante acentuadas do Parnasianismo e do Simbolismo, pois há uma miscigenação de elementos folclóricos, como símbolos do misticismo, além do uso da metalinguagem e o cuidado com a forma. 
B
O sinal de dois pontos (:) nos versos “Sua única identificação:”, “e escrevia em letras de diamantes:” e “Aceita com humildade o que te oferecemos:” indica que eles precedem a orações, sintaticamente, classificadas como subordinadas substantivas apositivas, pois estão exercendo a função de aposto de um termo da oração principal. 
C
Na obra de Cora Coralina está bem pautada a cidade de Goiás, no entanto foi na cidade de São Paulo que Cora Coralina buscou os fios para tecer seus poemas, trazendo à tona seus temas memoriais sobre cidade e história, cidade e sociedade, cidade e cultura, construindo assim a sua rede temática e espacial. 
D
Os poemas de Cora Coralina exprimem uma profundidade filosófica, uma aflição transcendental, que conjecturam, sem dúvida, os reflexos sofridos em sua longa experiência vivida.
E
Nos versos “— drapejava no alto mastro uma bandeira branca” e “eu arvorava em cada porto do meu País” se os vocábulos destacados forem substituídos, sequencialmente, por esvoaçava e hasteava não há comprometimento de sentido no texto.