Texto 1
Confidência do Itabirano
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, Carlos Drummond de. “Confidência do Itabirano”. In: Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2002, p. 68.
Texto 2
O destino da “cidade do ferro”, como Itabira era chamada nos tempos dos pioneiros da indústria da mineração em Minas Gerais, esteve historicamente ligado à mineradora Vale, e tão cedo não deve se dissociar dos rumos da companhia, apesar do desgaste gerado principalmente pelos últimos acontecimentos. A mineradora e a própria extração do minério de ferro nasceram no município, que alimenta o negócio da Vale há 62 anos, com participação ainda hoje essencial na produção e nas exportações da matéria-prima. [...]
Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/03/22/interna_gerais,1040046/itabira -e-a-mineradora-vale-cresceram-juntas.shtml. Acesso em: 03 out. de 2019 (adaptado).
Texto 3

I - A repetição do pronome demonstrativo nos versos “esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,/este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; /este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; /este orgulho, esta cabeça baixa...” é hipérbato.
II - O nome Itabira, de origem indígena, significa “pedra que brilha”, contrasta com o líquido da imagem do texto 3, embora se refiram ao mesmo tema. Nesse caso, pode-se dizer que há antítese entre o nome da cidade e o líquido da charge.
III - No verso “e o hábito de sofrer, que tanto me diverte”, há paradoxo.
IV - A repetição do “s”, no verso “por isso sou triste, orgulhoso: de ferro”, é assonância.
V - A expressão “Vale?”, no texto 3, possui o mesmo valor semântico e estilístico da palavra “Vale”, no trecho “esteve historicamente ligado à mineradora Vale”, no texto 2.
É correto o que se afirma em: