Texto 1
De quantas graças tinha, a Natureza
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro,
Formou sublime e angélica beleza.
Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro;
No cabelo o valor do metal louro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.
Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez do sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.
Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.
(CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Rio de Janeiro. Aguilar, 1963. p.50)
Texto 2
Soneto
Pálida, à luz da lâmpada sombria.
Sobre o leito de flores reclinada.
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre as nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti - no sonhos morrerei sorrindo!
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias Completas. São Paulo .São Paulo. Edição Saraiva,1957 Página 90),
Texto 3
Última deusa
Foram-se os deuses, foram-se, em verdade;
Mas das deusas alguma existe, alguma
Que tem teu ar, a tua majestade,
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.
Ao ver-te com esse andar de divindade
Como cercada de invisível bruma,
A gente à crença antiga se acostuma
E do Olimpo se lembra com saudade.
De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
Rútilo rola o teu cabelo esparso...
Pisas alheia terra... Essa tristeza
Que possuis é de estátua que ora extinto
Sente o culto da forma e da beleza.
(OLIVEIRA, Alberto de. In Poesia. Rio de Janeiro. Agir, 1959. Páginas 26-7)
Assinale, ainda quanto aos textos dados, a alternativa, parcial ou totalmente, incorreta.