Questão
Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS
2015
Fase Única
Texto-1De-quantas-grac29679198d1d
Texto 1

De quantas graças tinha, a Natureza 
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro, 
Formou sublime e angélica beleza.

Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro; 
No cabelo o valor do metal louro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.

Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez do sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.

Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.

(CAMÕES, Luís de. Obra Completa. Rio de Janeiro. Aguilar, 1963. p.50)

Texto 2 

Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria.
Sobre o leito de flores reclinada.
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria 
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre as nuvens d’alvorada 
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti - no sonhos morrerei sorrindo!

(AZEVEDO, Álvares de. Poesias Completas. São Paulo .São Paulo. Edição Saraiva,1957 Página 90),

Texto 3 

Última deusa

Foram-se os deuses, foram-se, em verdade; 
Mas das deusas alguma existe, alguma 
Que tem teu ar, a tua majestade,
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma.

Ao ver-te com esse andar de divindade
Como cercada de invisível bruma,
A gente à crença antiga se acostuma
E do Olimpo se lembra com saudade.

De lá trouxeste o olhar sereno e garço,
O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto, 
Rútilo rola o teu cabelo esparso...

Pisas alheia terra... Essa tristeza
Que possuis é de estátua que ora extinto 
Sente o culto da forma e da beleza.

(OLIVEIRA, Alberto de. In Poesia. Rio de Janeiro. Agir, 1959. Páginas 26-7)

Assinale, ainda quanto aos textos dados, a alternativa, parcial ou totalmente, incorreta.
A
Os versos “Pôs na boca os rubis, e na pureza...” (verso 5 – texto 1), “No peito a neve em que a alma tenho acesa” (verso 8, texto 1), “De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.” (verso 14 – texto 1), “Entre as nuvens do amor ela dormia!” (verso 4 – texto 2), “Era um anjo entre as nuvens da alvorada” (verso 7 – texto 2) revelam, ela ordem, as seguintes figuras de linguagem: metáfora, paradoxo, gradação, hipérbato, metáfora.
B
Nos versos “E com rubis e rosas, neve e ouro” (verso 3 – texto 1), “No peito a neve em que a alma tenho acesa” (verso 8 – texto 1), “Como a lua por noite embalsamada” (verso 3 – texto 2), “Por ti – as noites velei chorando” (verso 13 – texto 2), “Que possuis é de estátua que ora extinto” (verso 13 – texto 3), tem-se, pela ordem, as seguintes sentidos: meio, lugar, comparação, causa, tempo.
C
O deslocamento das palavras destacadas nos versos seguintes não provocou, em nenhum deles, mudança de sentido: “Fez um tesouro belo e riquíssimo”(verso 2 – texto 1), “ Formou beleza sublime e angélica” (verso 4 – texto 1), “No cabelo o valor do louro metal” (verso 7 – texto 2), “Era a virgem do mar! na fria escuma” (verso 5 – texto 2), “Como cercada de bruma invisível.”
D
Em “A gente à crença antiga se acostuma/ E do Olimpo se lembra com saudade” (versos 7-8 – texto 3), os termos assinalados exercem a mesma função sintática.
E
Em “Pálida, à luz lâmpada sombria” (verso 1 – texto 2) e “Rútilo rola o teu cabelo esparso...” (verso 11 – texto 3), colocam-se em destaque termos de igual função sintática.