Questão
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RJ
2019
Fase Única
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Discursiva
Texto 1

No âmago da leitura ou do espetáculo cinematográfico, a magia do livro ou do filme faz-nos compreender o que não compreendemos na vida comum. Nessa vida comum, percebemos os outros apenas de forma exterior, ao passo que, na tela e nas páginas do livro, eles nos surgem em todas as suas dimensões, subjetivas e objetivas.

Enquanto na vida quotidiana, somos quase indiferentes às misérias físicas e morais, sentimos a comiseração, a piedade e a bondade, ao ler um romance ou ver um filme. Enfim, podemos aprender as maiores lições da vida: a compaixão pelo sofrimento de todos os humilhados e a verdadeira compreensão.

Literatura, poesia, cinema, psicologia, filosofia deveriam convergir para tornarem-se escolas da compreensão. A ética da compreensão humana constitui, sem dúvida, uma exigência chave de nossos tempos de incompreensão generalizada.

Explicar não basta para compreender. Explicar é utilizar todos os meios objetivos de conhecimento, que são, porém, insuficientes para compreender o ser subjetivo. Explicar é considerar o objeto de conhecimento apenas como objeto e aplicar-lhe todos os meios objetivos de elucidação. De modo que há um conhecimento explicativo que é objetivo, isto é, que considera os objetos dos quais é preciso determinar as formas, as qualidades, as quantidades, e cujo comportamento conhecemos pela causalidade mecânica e determinista. A explicação, claro, é necessária à compreensão intelectual ou objetiva. Mas é insuficiente para a compreensão humana.

A compreensão humana nos chega quando sentimos e concebemos os humanos como sujeitos; ela nos torna abertos a seus sofrimentos e suas alegrias. Permite-nos reconhecer no outro os mecanismos egocêntricos de autojustificação, que estão em nós, bem como as retroações positivas (no sentido cibernético do termo) que fazem degenerar em conflitos inexplicáveis as menores querelas. É a partir da compreensão que se pode lutar contra o ódio e a exclusão.

Enfrentar a dificuldade da compreensão humana exigiria o recurso não a ensinamentos separados, mas a uma pedagogia conjunta que agrupasse filósofo, psicólogo, sociólogo, historiador, escritor, que seria conjugada a uma iniciação à lucidez.

(Adaptado de MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. p. 50-51; 93)

Faça o que é solicitado em cada item a seguir.

a) Em “Permite-nos reconhecer no outro os mecanismos egocêntricos de autojustificação”, o pronome oblíquo átono sublinhado refere-se à 1ª pessoa do plural e equivale a dizer “Permite a nós...”.

Indique o pronome oblíquo átono que deve ser usado no lugar de nos para que a equivalência se estabeleça com a estrutura “Permite a vocês”.

b) “Enfrentar a dificuldade da compreensão humana exigiria o recurso não a ensinamentos separados, mas a uma pedagogia conjunta que agrupasse filósofo, psicólogo, sociólogo, historiador, escritor, que seria conjugada a uma iniciação à lucidez.”

b1) Reescreva o trecho acima, empregando o verbo exigir no presente do indicativo. Faça as modificações necessárias.

b2) Explique por que a forma “conjugada” foi flexionada no feminino.