Questão
Simulado Geral
2020
Fase Única
Texto-1Turbante729c912888a
Discursiva
Texto 1

Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da questão.

Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres negras porque usava um turbante.

A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo.

“Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”.

Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 03/03/2020.

Texto 2

Há algum tempo, havia uma preocupação em relacionar a questão da identidade à nacionalidade do indivíduo. Era importante impor um laço de pertencimento ao território onde o sujeito se encontrava. Para este não havia necessidade, pois sabia que pertencia àquele lugar, ali estavam suas origens e suas relações sociais que eram concentradas no domínio da proximidade. Não havia dúvidas quanto à veracidade de sua nacionalidade.

Mas, com o nascimento do Estado moderno, surgem mudanças e o indivíduo, que antes mantinha uma relação de proximidade, começa a ser deslocado daquele lugar ao qual pertencia. Um bom exemplo das transformações ocorridas está na revolução dos transportes, que propiciaram uma rápida expansão dos territórios. Dessa forma, com o desenvolvimento das regiões e a consequente legitimação da nação, o problema da identidade seria visto de forma positiva e as pessoas assim admitiriam sua nacionalidade/identidade.

Nesse sentido, podemos observar que, desde o início, a identidade nacional foi vista como um marco da soberania do Estado. Por muitas vezes, para se mantê-la, mesmo que incompleta, fazia-se um esforço gigantesco e usava-se uma pequena dose de força para que a nacionalidade fosse protegida. Vale salientar que as identidades consideradas “menores” só seriam aceitas se não violassem a lealdade nacional, pois o Estado detinha o poder e nada poderia estremecê-lo. Atualmente, podemos perceber que muitas foram as mudanças ocorridas. As preocupações contemporâneas transcenderam a simples (se podemos assim dizer) questão da identidade nacional. Na sociedade pós-moderna, temos assistido a uma profusão de transformações, principalmente no campo das relações interpessoais, fazendo com que haja mudanças no comportamento dos sujeitos.

Segundo Bauman (2005), a “identificação” se torna cada vez mais importante para os indivíduos que buscam desesperadamente um “nós” a que possam pedir acesso. As “novas” relações começam a interferir em nossas construções cotidianas, nossas práticas sociais, como forma de entendimento do mundo. Com isso, as identidades, antes consideradas seguras e estáveis, começam a fragmentar-se. Tudo o que somos e pensamos advém de nosso contato com o mundo. Nesse sentido, um “eu” verdadeiro, um sujeito singular não é possível no contexto da pósmodernidade, pois seria determinado por uma série de situações, seria um simulacro de um sujeito real. Hall (2005) aponta que as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram a vida social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como sujeito unificado. Não há mais uma identidade una, centralizada, mas um sujeito plural, heterogêneo. Dessa forma, ao refletirmos sobre a questão do sujeito na era da globalização, vislumbramos carências, dúvidas e urgências, presentes nesse indivíduo, perdido em suas inseguranças, com a necessidade emergencial de pertencer a algum lugar. Será esse um colapso do sujeito moderno? Uma crise de identidade? Como observa Mercer (1990, p. 43), “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”.

(Sheila da Silva Monte. A IDENTIDADE DO SUJEITO NA PÓS-MODERNIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES. ITABAIANA: GEPIADDE, Ano 6, Volume 12/jul-dez de 2012.)

A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema:

A construção identitária das minorias e grupos de exclusão no Brasil do século XXI