Texto 5

ROSA NEGRA
01 Nervosa Flor, carnívora, suprema,
02 Flor dos sonhos da Morte, Flor sombria,
03 Nos labirintos da tu’alma fria
04 Deixa que eu sofra, me debata e gema.
05 Do Dante o atroz, o tenebroso lema
06 Do inferno a porta em trágica ironia,
07 Eu vejo, com terrível agonia,
08 Sobre o teu coração, torvo problema.
09 Flor do delírio, flor do sangue estuoso
10 Que explode, porejando caudaloso,
11 Das volúpias da carne nos gemidos.
12 Rosa negra da treva, Flor do nada,
13 Dá-me essa boca acídula, rasgada,
14 Que vale mais que os corações proibidos!
SOUSA, Cruz e. Rosa negra. In: NUNES, Zilma Guesser (org.). Negro: Cruz e Sousa. Florianópolis: Caminho de Dentro, 2019. p. 27.

Disponível em: https://floripacentro.com.br/trabalho-concluidopoema-manuscrito-completa-painel-de-cruz-e-sousa. Acesso em: 2 set. 2022.
Com base no texto 5, no texto 6, na leitura integral de Negro: Cruz e Sousa, coletânea de textos do poeta, organizada por Zilma Guesser Nunes em 2019, no contexto sócio-histórico e literário dos textos e, ainda, de acordo com a variedade padrão da língua escrita, é correto afirmar que:
01. no texto 6, o painel pintado na lateral de um prédio da capital catarinense resultou em um dos apelidos mais conhecidos de Cruz e Sousa, o de ‘poeta emparedado’.
02. parte da crítica literária brasileira acusou Cruz e Sousa de menosprezar sua condição de negro e de supervalorizar a cor branca, um equívoco que a coletânea Negro: Cruz e Sousa acaba por ignorar.
04. Cruz e Sousa foi um homem culto, poliglota e com um variado repertório de leituras, como evidencia sua produção em poesia, prosa e mesmo sua correspondência.
08. a valorização de elementos místicos e religiosos recorrentes na estética simbolista é neutralizada pelo ateísmo de Cruz e Sousa.
16. no texto 5, Cruz e Sousa faz referência à sua amante, Gavita Rosa Gonçalves, a Rosa Negra, com quem viveu uma tórrida história de amor antes do casamento.
32. em “tu’alma” (linha 03), temos o uso do apóstrofo marcando a supressão de um fonema, recurso comum na estética do poeta simbolista para explorar a sonoridade.