Questão
Simulado UNESP
2021
Fase Única
Texto-I-Mulher-Fim244e64b1097
Texto I  
 
Mulher do Fim do Mundo, Elza Soares 
 
Meu choro não é nada além de carnaval 
É lágrima de samba na ponta dos pés 
A multidão avança como vendaval 
Me joga na avenida que não sei qualé 
... 
Pirata e super homem cantam o calor 
Um peixe amarelo beija minha mão 
As asas de um anjo soltas pelo chão 
Na chuva de confetes deixo a minha dor 
... 
Na avenida, deixei lá 
A pele preta e a minha voz 
Na avenida, deixei lá 
A minha fala, minha opinião 
... 
A minha casa, minha solidão 
Joguei do alto do terceiro andar 
Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida 
Na avenida, dura até o fim 
[...] 
Mulher do fim do mundo 
Eu sou, eu vou até o fim cantar 
Mulher do fim do mundo 
Eu sou, eu vou até o fim cantar, cantar 
[...] 
Eu quero é cantar 
Eu vou cantar até o fim 
Me deixem cantar até o fim 
[...]

Texto II 

Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta- cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem [...] o Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores. 
 
DAMATTA, Roberto. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. 2012. 

Considerando a letra e a colocação do antropólogo Roberto da Matta, no que se refere à condição das mulheres no Brasil Contemporâneo, podemos inferir que: 
A
O carnaval é uma festa popular que reforça o papel da mulher como submissa e oprimida, mas sensual e livre. 
B
Um dos sinais da opressão sofrida pelas mulheres é a inferiorização e deslegitimação de sua voz e opinião, situação essa simbolicamente invertida durante os festejos carnavalescos. 
C
O Carnaval é um momento de inversão dos papéis sociais, por isso, mulheres e homens se divertem sem se preocupar com situações de violência e opressão. 
D
As mulheres sofrem cotidianamente a opressão que se expressa em solidão, abandono e falta de participação. Situação que não se altera sequer simbolicamente. 
E
O Carnaval é o único momento em que as mulheres podem participar livremente porque usam seu corpo, único instrumento de poder feminino.