Texto I
Mulher do Fim do Mundo, Elza Soares
Meu choro não é nada além de carnaval
É lágrima de samba na ponta dos pés
A multidão avança como vendaval
Me joga na avenida que não sei qualé
...
Pirata e super homem cantam o calor
Um peixe amarelo beija minha mão
As asas de um anjo soltas pelo chão
Na chuva de confetes deixo a minha dor
...
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
...
A minha casa, minha solidão
Joguei do alto do terceiro andar
Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida
Na avenida, dura até o fim
[...]
Mulher do fim do mundo
Eu sou, eu vou até o fim cantar
Mulher do fim do mundo
Eu sou, eu vou até o fim cantar, cantar
[...]
Eu quero é cantar
Eu vou cantar até o fim
Me deixem cantar até o fim
[...]
Texto II
Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta- cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem [...] o Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores.
DAMATTA, Roberto. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. 2012.
Considerando a letra e a colocação do antropólogo Roberto da Matta, no que se refere à condição das mulheres no Brasil Contemporâneo, podemos inferir que: