Questão
Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS
2021
Fase Única
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Texto I – OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam 
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, alçam voo 
como de um alçapão.
Eles não têm pouso 
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de 
mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
No maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

(MÁRIO QUINTANA – Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Regina Zilberman. – São Paulo: Literatura Comentada – Abril Educação, páginas 22/ 23. 1982)

Texto II - POESIA

Gastei uma hora pensando um verso 
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro 
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento 
inunda minha vida inteira.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – in Nova Reunião: 19 livros de poesia/Carlos Drummond de Andrade. – Rio de Janeiro: José Olympio Editora, página 20. 1983)

Texto III - INANIA VERBA

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava, 
O que a boca não diz, o que a mão não escreve? 
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve, 
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava: 
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve... 
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo? 
Ah! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta? 

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta? 

(OLAVO BILAC– Seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e crítico e exercícios por Norma Goldstein.- São Paulo: Literatura Comentada – Abril Educação. Página 19.1980)

I- Nos textos I e II, percebe-se que seus autores adotam um modo pessoal de falar, ao contrário do ocorre no texto III, em que se constata uma maneira mais impessoal de expressão.

II- No texto III, embora constante a inutilidade das palavras para a “expressão de tudo”, a voz poética assume diante delas uma atitude de encantamento, distante da pura aflição evidenciada pela voz poética do texto II.

III- Da comparação entre os textos, fica evidente, no texto III, o seu alto de grau de formalismo (inexistente nos demais) decorrente, entre outros aspectos, do emprego de versos isométricos, identificados como decassílabos.
A
I, II, III – corretos.
B
I e II – corretos; III – incorreto.
C
I-correto; II-incorreto; III- correto.
D
I-incorreto; II e III-corretos.
E
I-incorreto; II-correto: III-incorreto.