Texto I
Pode-se dizer que, em grande medida, o parnasianismo ainda é lido como antípoda do modernismo, sob um viés teleológico. Didaticamente falando, há duas proposições acerca do movimento modernista que funcionam como critérios valorativos aplicados retroativamente à poesia parnasiana: a) O modernismo significou o momento de remate do processo de formação de uma literatura genuinamente brasileira, apontando para uma superação do problema da dependência cultural em relação aos países europeus; b) O modernismo representou uma atualização de nossa literatura frente ao desenvolvimento técnico e formal das produções mais avançadas de seu tempo, no contexto das vanguardas estéticas do começo do século XX. Assim, a poesia parnasiana brasileira é compreendida tanto como pura macaqueação de sua matriz francesa, quanto como uma poética já anacrônica em seu tempo, que nada de interessante traria ao leitor contemporâneo. Embora tais juízos não sejam completamente destituídos de poder explicativo, eles demonstram uma tendência de se medir o verso parnasiano pela régua modernista.
Santiago, Emmanuel. Jabuticaba literária: Parnasianismo brasileiro, crítica literária.
Texto II
As árvores
Na celagem vermelha, que se banha
Da rutilante imolação do dia,
As árvores, ao longe, na montanha,
Retorcem-se espectrais à ventania.
Árvores negras, que visão estranha
Vol aterra? que horror vos arrepia?
Que pesadelo os troncos vos assanha,
Descabelando a vossa ramaria?
Tendes alma também... Amais o seio
Da terra; mas sonhais, como sonhamos,
Bracejais, como nós, no mesmo anseio...
Infelizes, no píncaro do monte,
(Ah! não ter asas!...) estendeis os ramos
À esperança e ao mistério do horizonte...
Olavo Bilac, As tardes.
De acordo com o crítico, a percepção do parnasianismo como um fenômeno literário de reprodução de ideais poéticos franceses foi, em certa medida, elaborada pelos modernistas. Em relação a tal percepção crítica dos modernistas, e apoiando-se no texto acima de Bilac, é correto dizer que: