Questão
Universidade Estadual do Piauí - UESPI
2017
Fase Única
Texto-I-PronomesAntes32873b30361
(Texto I)

Pronomes

Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:

— Me faz um favor?

— O quê?

— Você não vai ficar chateado?

— O que é?

— Não fala tão certo?

— Como assim?

— Você fala certo demais. Fica esquisito.

— Por quê?

— É que a turma repara. Sei lá, parece...

— Soberba?

— Olha aí, ‗soberba‘. Se você falar ‗soberba‘ ninguém vai saber o que é. Não fala ―soberba‘. Nem ‗todavia‘. Nem ‗outrossim‘. E cuidado com os pronomes.

— Os pronomes? Não posso usá-los corretamente?

— Está vendo? Usar eles. Usar eles!

O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não falou nada. Até comentaram:

— Ó Carol, teu namorado é mudo?

Ele ia dizer ‗Não, é que, falando, sentir-me-ia vexado‘, mas se conteve a tempo. Depois, quando estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.

— Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos. Aquela voz de cobertura de caramelo.

(VERISSIMO, Luis Fernando. Contos de verão. O Estado de São Paulo, Janeiro/2000)

(Texto II)
 
(...)
 
A linguagem humana: do mito à ciência
 
O uso de determinada variedade linguística marca a inclusão num dado grupo social e dá uma identidade a seus membros. Aprendemos a distinguir as diversas variedades e, quando alguém começa a falar, sabemos se a pessoa é um gaúcho, um carioca, um paulista e assim por diante. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens; outros
 
indicam que o falante tem mais idade. As variantes linguísticas conferem uma identidade às pessoas, sejam elas pessoas do mundo real ou personagens, que são pessoas de ficção.

Ridicularizar a variante usada por alguém é uma atitude muito agressiva, pois estamos zombando do próprio ser da pessoa. Existe um julgamento social sobre as variantes: algumas são consideradas elegantes e outras feias. (...) Escarnecer de alguém, por causa da variante linguística utilizada, é mostra de preconceito, de dificuldade de conviver com as diferenças.

(...)

(FIORIN, J. L. A linguagem humana: do mito à ciência. In. Linguística? O que é isso? J. L. Fiorin (Org). São Paulo: Contexto, 2013 – p. 27)

Os textos I e II focalizam nas suas temáticas aspectos relativos
A
a variações que, inevitavelmente, verificam-se na forma de falar das pessoas.
B
a inadequações e erros que as pessoas comumente cometem ao falar.
C
às preferências equivocadas das pessoas por termos e palavras difíceis ao falarem com desconhecidos.
D
à superioridade que deve ser reconhecida em relação àqueles que sabem falar de acordo com a gramática normativa.
E
aos bons hábitos de comunicação por meio de um português considerado correto.