Questão
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
2019
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Texto I

A obra de Caeiro representa a reconstrução integral do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos nem os romanos, que viveram nele e por isso o não pensaram, o puderam fazer.  

(“Alberto Caeiro visto por Ricardo Reis”. In: PESSOA, Fernando. Obras em prosa.Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976, p. 115.) 

Texto II 

O meu mestre Caeiro não era um pagão: era o paganismo. (...) Em Caeiro não havia explicação para o paganismo; havia consubstanciação*. 

(“Alberto Caeiro visto por Álvaro de Campos”. In: PESSOA, Fernando. Obras em prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976, p. 108.) 

Vocabulário:

*consubstanciação: agrupamento de dois ou mais elementos em uma só substância; materialização, concretização do que é abstrato.

Nos textos I e II, respectivamente, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, heterônimos de Fernando Pessoa e discípulos de Alberto Caeiro, destacam o paganismo que se manifesta na poesia de seu mestre. Assinale, a seguir, a alternativa cujos versos de O Guardador de Rebanhos melhor explicitam as visões de Reis e Campos a respeito do paganismo radical de Caeiro:  
A
Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmãos todos os homens
Porque todos os homens, um momento no dia,
o olham como eu (...).
B
Mas Graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
C
Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber
Só com o florir e ir correndo.
D
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.