Texto I
A palavra slam é uma onomatopeia da língua inglesa utilizada para indicar o som de uma “batida” de porta ou janela, seja esse movimento leve ou abrupto. Algo próximo do nosso “pá!” em língua portuguesa. A onomatopeia foi emprestada por Marc Kelly Smith, um trabalhador da construção civil e poeta, para nomear o Uptown Poetry Slam, evento poético que surgiu em Chicago, em 1984. O termo slam é utilizado para se referir às finais de torneios de baseball e bridge, por exemplo. Smith nomeou também de slam os campeonatos de performances poéticas que organizava e nos quais os slammers (poetas) eram avaliados com notas pelo público presente, inicialmente, em um bar de jazz em Chicago, depois nas periferias da cidade. A iniciativa “viralizou”, como se diz hoje, contagiando outras cidades dos Estados Unidos e, mais tarde, ganhou o mundo. Poesia é o mundo.
NEVES, Cynthia Agra de Brito. SLAMS – Slams – Letramentos literários de reexistência ao/no mundo contemporâneo. In: Linha D’Água (Online), São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017. Adaptado.
Texto II
Slam Sófálá – porque só a poesia nos une! Sábado, 20 de maio de 2017, início previsto às 16h, na Estação Red Bull Station7, na Praça da Bandeira, n. 137, no Centro de São Paulo.
A tarde fria não impediu que dezenas de jovens ocupassem o espaço da antiga estação desativada de energia de São Paulo para recitar e ouvir poesias. “Só a poesia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente” – diria o poeta paulistano Oswald de Andrade, se ali estivesse, readaptando seu Manifesto Antropófago de 1928. Naquele ambiente hardcore, todos se sentiam devorados, deglutidos e mastigados por aqueles versos versados no início da Virada Cultural Paulista de 2017.
O evento dos slams pode ser associado a uma verdadeira “arena” em que discursos poéticos se “digladiam”, tal como imagem proposta por Bakhtin (2003). O clima de rivalidade é, contudo, amenizado pelos organizadores, que sempre emitem frases de consolação e motivação, do tipo: “aqui ninguém está acima de ninguém”; “o slam é um lugar de encontro democrático”; “ninguém sai daqui menos poeta, se perder”; “no fundo somos todos amigos”; “no slam no final a poesia é quem vence”; “a competição não é o que vale mais, não é quem ganha que importa, mas sim a poesia” etc. Tudo o que não vale de nada em se tratando de batalhas poéticas.
Há três regras básicas que regem todo e qualquer slam: “o poema deve ser de autoria própria do poeta que vai apresentá-lo, deve ter no máximo três minutos e não devem ser utilizados figurinos, adereços, nem acompanhamento musical” (D’Alva, 2014, p. 113). Logo, a avaliação do júri deve levar em conta a performance poética do slammer ao incorporar o seu poema recitando-o – espécie de “autoperformance”, segundo D’Alva.
O slam é composto de três rodadas. Na primeira participam todos os poetas que se inscrevem, cinco vencedores vão para a segunda rodada e três competem na terceira. Dessa sai o slammer vencedor. Em caso de empate, somam-se as notas anteriores para definir o campeão, no caso, o slampião ou a slampiã. A primeira rodada do Slam Sófálá contava com quinze poetas inscritos. O mestre de cerimônia era Emerson Alcalde, poeta e ator, slammer desde 2008 e conhecido por ser o fundador do famoso Slam da Guilhermina, na Zona Leste de São Paulo.
NEVES, Cynthia Agra de Brito. Slams – Letramentos literários de reexistência ao/no mundo contemporâneo. In: Linha D’Água (Online), São Paulo, v. 30, n. 2, p. 92-112, out. 2017. Adaptado.
a) No 3º parágrafo do Texto II, o destaque do elemento corpo na palavra incorporar ressalta uma especificidade própria dos eventos poéticos de slam. Explique por quê.
b) Reescreva a frase, retirada do Texto II, “A tarde fria não impediu que dezenas de jovens ocupassem o espaço da antiga estação desativada de energia de São Paulo para recitar e ouvir poesias”, eliminando a conjunção que. Faça as modificações necessárias.
c) Neologismos são palavras acrescentadas ao vocabulário de uma língua, muitas vezes a partir de um vocábulo de outra língua. Selecione, dos Textos I e II, o que se pede.
i) UM empréstimo de uma língua estrangeira, sem modificações.
ii) UMA palavra nova adaptada às regras gramaticais do português.