Texto II

Alguém já disse que o rococó é o barroco que não soube onde parar. Todos os estilos correm o risco de descambar para o excesso, e saber o ponto em que começa o excesso é difícil, como acertar o ponto do pudim. Quando é que o discurso político deixa de ser democrático e fica populista, ou passa de populista a demagógico? Qual o parâmetro para distinguir um estilo lírico de um estilo preciosista, o sensível do piegas, o experimental do meramente pretensioso ou – seguindo-se a máxima do Mário Quintana, segundo a qual estilo é uma dificuldade de expressão – do simplesmente incapaz? Muitos escritores novos dizem que seu maior problema é saber por onde começar. Não é. O maior problema de quem escreve (ou compõe, ou interpreta, ou, principalmente, discursa) é saber onde parar.

Fragmento de “Robinho e o paradoxo”, Veríssimo, O Globo, 1/07/07
Rococó é o nome de um estilo que esteve em moda no século XVIII e que desenvolveu algumas das tendências do Barroco.
Assinale a afirmativa que corresponde ao sentido da frase: “Alguém já disse que o rococó é o barroco que não soube onde parar.” ( linha 1)