Questão
Universidade Estadual de Londrina - UEL
2009
2ª Fase
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Texto III

AMAR!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...pra me encontrar...

(ESPANCA, F. Sonetos. Porto Alegre: L&PM, 2002. p. 80.)

Texto IV

Lira XI

Se acaso não estou no fundo Averno,
Padece, ó minha Bela, sim padece
O peito amante, e terno,
As aflições tiranas, que aos Precitos
Arbitra Radamanto em justa pena
Dos bárbaros delitos.

As Fúrias infernais, rangendo os dentes,
Com a mão escarnada não me aplicam
As raivosas serpentes;
Mas cercam-me outros monstros mais irados:
Mordem-se sem cessar as bravas serpes
De mil, e mil cuidados.

Eu não gasto, Marília, a vida toda
Em lançar o penedo da montanha;
Ou em mover a roda;
Mas tenho ainda mais cruel tormento:
Por coisas que me afligem, roda, e gira
Cansado pensamento.

Com retorcidas unhas agarrado
Às tépidas entranhas não me come
Um abutre esfaimado;
Mas sinto de outro monstro a crueldade:
Devora o coração, que mal palpita,
O abutre da saudade.

Não vejo os pomos, nem as águas vejo,
Que de mim se retiram quando busco
Fartar o meu desejo;
Mas quer, Marília, o meu destino ingrato
Que lograr-te não possa, estando vendo
Nesta alma o teu retrato.

Estou no Inferno, estou, Marília bela;
E numa coisa só é mais humana
A minha dura estrela:
Uns não podem mover do Inferno os passos;
Eu pretendo voar, e voar cedo
À glória dos teus braços.

(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 70.)

Comparando-se o poema Amar! com a Lira XI, considere as afirmativas a seguir.

I. Sobre a relação do eu-lírico com a saudade, no poema há indiferença, ao passo que, na lira, ela é a origem do sofrimento.

II. Observa-se, em ambos os textos, referência ao paganismo como forma de compreender o amor.

III. Embora o eu-lírico do poema valorize o amor livre, crê na fidelidade ao ser amado; já na lira, a fidelidade é secundária.

IV. Em “Amar!”, a liberdade é não se prender a um único ser; na Lira XI, é estar junto do ser amado.

Assinale a alternativa correta.
A
Somente as afirmativas I e III são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas II e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.