Questão
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
2013
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Texto III

Ao conde de Ericeyra D. Luiz de Menezes pedindo louvores ao poeta não lhe achando elle prestimo algum.
Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo:
A sexta vá também desta maneira,
na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?
Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais,
Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei.

Nesta vida um soneto já ditei,
Se desta agora escapo, nunca mais;
Louvado seja Deus, que o acabei

(MATOS, Gregório de. Obra poética / Edição James Amado. Rio de Janeiro: Record, 1999. p. 129-130.

Em algumas edições, a didascália (longo título em que se apresenta o contexto de produção do poema) deste soneto gregoriano apresenta a seguinte variação: “A certa personagem desvanecida”. A modificação deste elemento paratextual afeta qual aspecto da leitura poética satírica, em relação à primeira versão?
A
a anunciada intenção de uma homenagem, que aos poucos se transforma em insulto.
B
a ironia em relação às práticas e crenças religiosas na última estrofe.
C
o escárnio em relação à nobreza e ao poder, personificados pelo conde Luiz de Menezes.
D
a relutância do autor em tecer um elogio, marcada pelos termos “canseira” e “brabo”.
E
a confessa e reiterada dificuldade do poeta em compor um soneto padrão.