Questão
Universidade Estadual de Londrina - UEL
2011
2ª Fase
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Texto VI

Pau de Dois Bicos

Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele.

– Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos?

– Achas então que sou rato? Não tenho asas e não vôo como tu? Rato, eu? Essa é boa!...

A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele.

Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera.

– Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves?

– E quem te disse que sou ave? - retruca o cínico -sou muito bom bicho de pêlo, como tu, não vês?

– Mas voas!...

– Vôo de mentira, por fingimento...

– Mas tem asas!

– Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pêlo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa...

O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo.

Moral da Estória:

O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!

(MONTEIRO LOBATO, José Bento.Fábulas. 45. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 49.



A hesitação do gato, na fábula, e do caçador, na charge, deve-se
A
à contradição existente entre a fala do morcego e a da pomba e suas características físicas.
B
à tentativa frustrada do morcego e da pomba em disfarçarem sua condição apelando para o fingimento e a mentira.
C
ao medo de serem agredidos pelas garras afiadas do morcego e pelo bico semiaberto da pomba.
D
à aversão do gato e do caçador em relação à aparência física dos morcegos.
E
à postura submissa da pomba e do morcego diante dos olhares arregalados do caçador e do gato.