Questão
Simulado ENEM
2021
Fase Única
Textos902a513b277
Discursiva
Textos motivadores

Texto 1

Negócios da quebrada

Quem são e como trabalham os empreendedores com raízes nas comunidades da periferia de São Paulo

Até pouco tempo atrás, o empreendedor da favela era aquele que abria um boteco, um pequeno salão de cabeleireiro improvisado – era preciso sobreviver. Empreender era uma necessidade. Hoje, as oportunidades nascem de outra semente: a da motivação.

Dos 40 milhões de habitantes de São Paulo, 3,8 milhões moram em comunidades – ou no jargão comum, em favelas. No Rio de Janeiro, chamam de “morro”. Aqui, em São Paulo, de “quebrada”. Deste total, 50% têm um trabalho com carteira assinada.

É a outra metade (sem carteira assinada) que anda provocando uma mudança estrutural na organização econômica das comunidades. São eles que estão fertilizando um espaço que, no passado, chegou a ser visto como a pura infertilidade econômica.

Em linhas gerais, o dinheiro não girava dentro das comunidades – chegava até lá pelas mãos dos assalariados, que ainda não tinham conseguido se mudar. Hoje o cenário é outro.

Há dois anos, 15% dos paulistanos moradores de comunidades tinham a intenção de abrir seu próprio negócio. Entre eles, 51% queriam fazê-lo na “quebrada”. A motivação desse segmento é difusa: não ter chefe e ter uma fonte de renda empata com 19%, seguindo-se a liberdade de horário (13%) e fazer o que se gosta (12%).

Não sabemos, com precisão, quantas pequenas empresas funcionam nas favelas paulistas ou brasileiras. Não sabemos tampouco a ligação entre o empreendedorismo e a fé religiosa, em grupos que prometem a prosperidade individual.

Ninguém sabe – os dados estatísticos sobre esse universo de empreendedores ainda são um mistério. Mesmo assim, esse brotar de empresas é acompanhado por um grupo numeroso de pesquisadores que nos fornece um retrato complexo dessa população urbana que integra a base da pirâmide de renda.

Um deles é Krishna Faria, coordenador nacional de Negócios Sociais do Sebrae, que afirma que o empreendedorismo se espalhou para responder ao poder de compra dos mais pobres, que registrou evidente ascensão. No entanto, já que os empregos não existiam em quantidade para todos, coube aos empreendedores darem um novo impulso ao motor da economia: o consumo.

“Como o emprego formal não poderia atender a todas essas pessoas, o que lhes resta é empreender por necessidade”, diz.

Renato Meirelles, fundador e presidente da Data Popular, tem acompanhado de perto esse movimento. “A favela era um território do desemprego e de empreendedorismo por causa do desemprego”, diz.

https://especiais.dcomercio.com.br/comunidades/personagem.htm

Texto 2

Faz um ano que Betânia Pontelo, coordenadora do programa de incubação na abeLLha, incubadora de negócios de impacto no Rio de Janeiro, está acompanhando o desenvolvimento de negócios nas favelas Cantagalo-Pavão-Pavãozinho. Ela aponta que uma das inovações em ascensão dentro das comunidades hoje está na área de serviços já bem conhecidos por quem está distante da periferia: carteiro, coleta de lixo, uber, internet de qualidade, entre outros.

“Lá dentro a história é diferente e é isso que eu vejo como o maior potencial de criação de novos negócios, como eles hackeiam o sistema e criam lá dentro o que os fornecedores de fora não conseguem atender. É como gerar uma economia local fornecendo serviços básicos de qualidade fornecidos pelos próprios moradores”, explicou.

Como é de se imaginar, existem, porém, muitas barreiras a serem vencidas e dribladas por quem quer empreender na favela. João cita que o acesso a crédito continua sendo um dos maiores desafios, especialmente porque além das questões práticas, existe ainda o fator preconceito nessa conta, impedindo a oferta de empréstimos e demais modalidades financeiras.

Outros impeditivos estão ligados às próprias condições de vida complicadas dentro das comunidades, como a falta de segurança e estabilidade. “Um dos maiores desafios que vejo hoje é como conciliar um trabalho que dê sustento com as atividades do novo negócio. As jornadas se tornam bem longas. O ambiente instável das comunidades do Rio torna ainda mais difícil a vida do empreendedor, que muitas vezes precisa faltar ao trabalho por não conseguir sair de casa, tem impedimentos do novo negócio por interferências do tráfico e muitas vezes não consegue ser resiliente o suficiente para dar continuidade ao empreendimento”, pontuou Betânia. 

https://catracalivre.com.br/carreira/empreender-na-favela-e-um-desafio-mas-nao-e-impossivel/

Texto 3 

A dificuldade de acessar o consumidor da favela não se limita, porém, ao território físico. Esse público não se identifica com as grandes marcas, diz Meirelles, do Instituto Locomotiva. Para ele, um dos motivos seria o distanciamento cultural e social dos executivos das empresas com os moradores da favelas e do público de menor renda.

De acordo com levantamento, pouco mais de 70% moradores das favelas pesquisadas se consideram muito confiáveis, honestos, felizes e preocupados com os outros, por exemplo. Quando demandados a avaliar as marcas sobre esses mesmos aspectos, menos de 50% atribuem as mesmas qualidades. Por exemplo: apenas 28% consideram as empresas “muito honestas”

Por outro lado, os habitantes das comunidades atribuem a si com menos frequência a percepção de serem muito inovadores, inteligentes ou ricos. São características que veem com frequência nas marcas. “Favela gosta de samba, rap e funk. Os executivos não entendem disso. Então ainda existe uma grande distância cultural para as favelas”, resume Athayde, da Favela Holding.

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2020/02/08/economia-das-favelas/

Texto 4



PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "O empreendedorismo na favela como oportunidade de integração social”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.