Questão
Universidade Federal Fluminense - UFF
2008
1ª Fase
Todo-conhecimento-e445d242a6c
“Todo conhecimento é resultado de um longo processo cumulativo de geração, de organização intelectual, de organização social e de difusão, naturalmente não-dicotômicos entre si.” (linhas 7-8) D’Ambrosio, 1997, p. 18.

Identifique o comentário adequado à situação de comunicação para a produção de sentido do texto.
A
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem

Oswald de Andrade

O poeta Oswald de Andrade, nesse fragmento, ao descrever o primeiro contato dos portugueses com a terra brasileira, destaca, pelo recurso da citação formal e direta, bem como da repetição do gênero textual, as reações de portugueses da frota de Cabral e dos índios da terra, conforme se lê na carta de Pero Vaz de Caminha.
B

A fotografia, inserida em um meio de comunicação de massa, muitas vezes, não expressa uma determinada visão do fato. No entanto, uma foto pode direcionar para outros sentidos pela composição de elementos justapostos.

Na foto ao lado de 1971, o fotógrafo emprega o recurso da intertextualidade e da citação ao retratar a realidade tal como era: um presidente militar vestido com roupas civis, usando um quepe de alta patente.
C

Segundo o Antigo Testamento (Gênesis 11,1-9), a Torre de Babel foi construída na Babilônia pelos descendentes de Noé, com a intenção de eternizar seus nomes. A decisão era fazê-la tão alta que alcançasse o céu. Esta soberba provocou a ira de Deus que, para castigá-los, confundiu-lhes as línguas e os espalhou por toda a Terra.

Ziraldo, ao criar uma propaganda para o Instituto Brasileiro do Café, embora materialize o mito de Babel na sua concepção plástica e no uso de um texto em línguas diferentes, ressalta a alegria e a confraternização da “hora do cafezinho brasileiro”, utilizando-se do recurso da intertextualidade.
D
O anel de vidro
Aquele pequenino anel que tu me deste
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou...
Assim também o eterno amor que prometeste
— Eterno! Era bem pouco e cedo se acabou

Manuel Bandeira

O poeta Manuel Bandeira, em “O anel de vidro”, ao refletir os procedimentos próprios de uma estética modernista, aproxima-se de uma prosa poética e destaca as dores do eu lírico, valendo-se do recurso da imitação literal da cantiga de roda “Ciranda, cirandinha.”
E
(...)

Um bom jantar, à beira mar, para turista que pode pagar: Copacabana. E à tardinha, o sol poente tem sempre alguém assaltando a gente. Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela que... Epa, vem na nossa direção, e tem uma arma! Emília, Emília, Emília, eu não posso mais. Enquanto isso, na gafieira segue o samba calmamente, mas malandro que é malandro ganha dinheiro com CDB e só dança em boate privê.

Veríssimo, O Globo, 1/03/07

Veríssimo, em sua crônica “Emília, Emília, Emília (do baú)”, atualiza diversas letras de canções da música popular brasileira e situa os acontecimentos que costumam freqüentar as manchetes dos jornais das grandes cidades como recurso crítico, pela utilização predominante da paráfrase.