Utilize o texto abaixo para responder a questão:
Governados pelo medo
A sensação de insegurança rege mercados e relações sociais. E ninguém parece ter controle sobre os perigos invisíveis que nos ameaçam
por FLAVIA TAVARES
“Que computador foi danificado pelo sinistro ‘bug do milênio’? Quantas pessoas você conhece que foram vítimas dos ácaros de tapete? Quantos amigos seus morreram da doença da vaca louca? Quantos conhecidos ficaram doentes ou inválidos por causa de alimentos geneticamente modificados?” Esta sequência de perguntas está no (...) livro do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, Medo Líquido (…). A elas, ele não dá uma resposta, cumprindo apenas seu papel de provocador. Mas nem precisaria. Esse questionamento faz parte do que ele chama de “a era dos temores”.
Foi esse temor, inclusive, o motor do abalo que atingiu as bolsas de valores do mundo inteiro esta semana. O medo de uma crise econômica se transformou na crise em si. E, enquanto o governo dos Estados Unidos não deu sinais de que tinha condições de amenizar o estrago, baixando os juros e lançando pacotes, o pânico se manteve. Para Bauman, este é um dos sinais de que estamos subjugados pelo medo: todas as situações que nos ameaçam parecem orientadas por poderes que nos fogem ao controle. (…)
Grande amarrador de ideias que vagam no ar, ele desenvolveu o conceito de uma sociedade “líquida”, partindo do princípio de que as certezas e a previsibilidade do futuro estão diluídas e, porque políticos e empresas tendem a lucrar com isso, não há perspectiva de que esse clima de insegurança seja sanado. “Pelo contrário, os governos e os mercados têm interesse em manter esses medos intactos e, se possível, aumentá-los.” (…)
(O Estado de S. Paulo, 27/01/2008)
As perguntas iniciais do fragmento são um recurso argumentativo para mostrar que