Questão
Universidade de Caxias do Sul - UCS
2023
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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100 anos da Semana de Arte Moderna: celebração ou reflexão?

Motivados por uma série de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais, alguns artistas brasileiros se reuniram para repensar a função da arte e de sua possibilidade de provocação, de criação de sentidos. É nesse contexto que nasce a Semana de Arte Moderna de 1922 que envolveu, direta e/ou indiretamente, artistas e intelectuais. Embora, à época, não tenha tido recepção positiva pelos intelectuais conservadores de São Paulo, a Semana de 22 deu origem a um novo marco artístico-literário nacional.

Instrução: A questão versa sobre a “Semana de Arte Moderna de 1922”.


Vaiado, hostilizado, alvo de saraivadas de tomates, ovos podres e cebolas, Heitor Villa-Lobos roubou a cena durante as três récitas em que se apresentaram obras suas na Semana de 22. Não foram as inovadoras pinturas de Malfatti, Zina Aita ou Di Cavalcanti ali expostas, nem as intervenções dos poetas e teóricos modernistas, que despertaram a polêmica mais viva e a feroz indignação de uma parte da crítica e do público paulistano: foram a música, a figura e a ousadia do compositor carioca – que se apresentara no palco, vestido de casaca e calçado de chinelo em um dos pés. Ele, naquele momento, aos 35 anos, já era autor de uma obra extensa, madura e radicalmente original.

Villa-Lobos foi o único compositor convidado a participar do Evento, pela simples razão de que nenhum outro havia no país com obra tão inovadora. Acostumado às farpas da maior parte da crítica carioca, mostrou-se intrépido face à polêmica: “A coroa de vaias foi o que me cobriu de glória”.

Praticamente autodidata, por um lado, bebera Villa-Lobos da grande tradição da música erudita ocidental, passando pela renovação e apropriando-se das conquistas formais da nova música francesa; por outro, desde a juventude, frequentara e participara assiduamente como violonista das rodas de choro e dos grupos de serestas, ao tempo de sua boêmia juventude, e aprendera a conhecer e a reverenciar a música de grandes figuras populares cariocas, como Pixinguinha, Donga, Sinhô e outros. As suas longas viagens pelo interior do Brasil, nunca pormenorizadamente documentadas, proporcionaram-lhe ricas experiências musicais e farta recolha do folclore nativo. Munido dessa singular autoformação, começara a criar uma música que amalgamava essas influências e as metabolizava em um produto final inteiramente novo e fascinante. De fato, Villa-Lobos praticara, avant-la-lettre e largamente, a antropofagia estética postulada por Oswald de Andrade.

Disponível em: Heitor Villa-Lobos e a Semana de Arte Moderna. Uma reinterpretação questionada - Revista Inteligência (insightnet.com. br). Acesso em: 8 set. 2022. (Parcial e adaptado.)


De acordo com o texto, é correto afirmar que
A
o fervor ideológico que permeava as ideias de Villa-Lobos fez com que a crítica visse sua música como uma arte abstrata e nacionalista, portanto, menos valorosa.
B
a obra de Villa-Lobos destacou-se não só pela originalidade, mas também pela fusão da cultura popular com a erudita.
C
a trajetória de Villa-Lobos foi marcada pela falta de reconhecimento de suas experiências musicais nacionalistas e pelo negacionismo ao movimento antropofágico.
D
a biografia de Villa-Lobos foi pródiga em episódios polêmicos, nos quais a sociedade demonstrava não apreciar seu estilo intrépido e desleixado, incoerente com a estética europeizada de sua obra.
E
o artista Villa-Lobos foi o que mereceu mais destaque na Semana de 22, pois participou em três dias diferentes, sendo que no último apresentou sua obra-prima, as “Bachianas”, com forte influência francesa.