"Diz-se que os sentimentos são algo de irracional. A filosofia, pelo contrário, não é apenas algo racional, mas a própria guarda da ratio [razão]. Afirmando isto decidimos sem querer algo sobre o que é a filosofia. [...] Qualquer uma terá por certa a afirmação de que a filosofia é tarefa da ratio. E, contudo, esta afirmação é talvez uma resposta apressada e descontrolada à pergunta: Que é isto — a filosofia? Pois a esta resposta podemos contrapor novas questões. Que é isto — a ratio, a razão? Onde e por quem foi decidido o que é a razão? Arvorou-se a ratio mesma em senhora da filosofia? Em caso afirmativo, com que direito? Se negativa a resposta, de onde recebe ela sua missão e seu papel? Se aquilo que se apresenta como ratio foi primeiramente e apenas fixado pela filosofia e na marcha de sua história, então não é de bom alvitre tratar a priori a filosofia como negócio da ratio. Todavia, tão logo pomos em suspeição a caracterização da filosofia como um comportamento racional, torna-se, da mesma maneira, também duvidoso se a filosofia pertence à esfera do irracional. Pois quem quiser determinar a filosofia como irracional, toma como padrão para a determinação o racional, e isto de um tal modo que novamente pressupõe como óbvio o que seja a razão". HEIDEGGER, M. O que é isto – Filosofia? In: Conferências e Estritos Filosóficos (Os Pensadores). Tradução de Ernildo Stein. 2. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).
Em certa medida, a superação da Filosofia moderna dá-se, entre outros fatores, pelo questionamento do papel da razão como elemento central do pensamento filosófico. Sobre a relação entre razão e Filosofia, podemos afirmar que: