Questão
Universidade de Passo Fundo - UPF
2018
Fase Única
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"Era um sonho dantesco… o tombadilho 

Que das luzernas avermelha o brilho.   

Em sangue a se banhar. 

Tinir de ferros… estalar de açoite … 

Legiões de homens negros como a noite, 

Horrendos a dançar…   

Negras mulheres, suspendendo às tetas 

Magras crianças, cujas bocas pretas 

Rega o sangue das mães: 

Outras moças, mas nuas e espantadas, 

No turbilhão de espectros arrastadas,   

Em ânsia e mágoa vãs! ” 

 

(ALVES, Castro. O Navio Negreiro. São Paulo: Global, 2016) 

Essa é uma parte do poema “O Navio Negreiro”, escrito em 1869 pelo poeta baiano Castro Alves. A lei Eusébio de Queiroz, que proibiu o tráfico negreiro para o Brasil, foi promulgada em 1850. Castro Alves, que apoiava a causa abolicionista, teria escrito esse poema 19 anos depois da referida lei, com o objetivo de 

A
impedir a revogação da lei que proibiu o tráfico transatlântico de negros africanos, como era o desejo de muitos traficantes que haviam perdido seus lucrativos negócios. 
B
abolir a escravidão, ao menos na região onde nasceu, a Bahia, que, no século XIX, era a principal região escravista do Brasil. 
C
persuadir intelectuais que eram seus contemporâneos a aderirem à causa abolicionista, como Joaquim Nabuco, Luís Gama e José do Patrocínio, reconhecidos escravocratas. 
D
dramatizar em versos o sofrimento dos negros africanos no momento em que tiveram que sair de sua terra em direção ao Brasil, transportados nos porões dos navios negreiros, para contribuir assim com a luta pelo fim da escravidão. 
E
apenas preservar a memória do sofrimento dos africanos que haviam sido escravizados, pois, em 1869, o Brasil já havia abolido a escravidão, sendo o último país do continente americano a acabar com a vergonhosa prática.