E, atrás deles, filhos, netos,
seguindo os antepassados,
vêm deixar a sua vida,
caindo nos mesmos laços,
perdidos na mesma sede,
teimosos, desesperados,
por minas de prata e de ouro
curtindo destino ingrato,
emaranhando seus nomes
para a glória e o desbarato,
quando, dos perigos de hoje,
outros nascerem, mais altos.
Que a sede de ouro é sem cura,
e, por ela subjugados,
os homens matam-se e morrem,
ficam mortos, mas não fartos.
(Ai, Ouro Preto, Ouro Preto, e assim foste revelado!)
Cecília Meireles. Romance I ou da revelação do ouro – Romanceiro da inconfidência. São Paulo: Global, 2015, p. 25-26.
O fragmento foi retirado da obra Romanceiro da inconfidência, da modernista Cecília Meireles, que foi lançada em 1953. Centralizada no episódio histórico da Conjuração Mineira, pode-se estabelecer um paralelo com