O boné de crochê é um dos artigos de moda mais antigos usados pelas periferias de São Paulo, os quais resistem e são ressignificados de geração em geração, trazendo entre cada linha ali usada várias histórias de uma cultura. Ou seja, muito fundamento existe no item desde onde nasceu (inclusive o motivo pelo qual é criminalizado), o fato de ser uma peça que é moda da favela, os MCs de várias gerações usando, e ainda por movimentar fonte de renda de muita gente.
Segundo Wagner Silva, dono do canal ‘’Pontos da Liberdade’’ e professor em grupos que ensinam pessoas a fazerem o artesanato, a história do boné de crochê se expandiu por volta da década de 90 nos presídios, pois quem tinha puxado uns dias praticava boné, tapete e outros como atividade. ‘’ Ele foi expandido na cadeia, por isso falam de ter surgido lá’’, afirma Wagner.
‘’Eu ganhava do meu coroa, quando estava logo preso. Ele fazia para passar o tempo’’, diz Kayblack. Bem como o artesão Wagner, que também já esteve em penitenciária, o pai de Kayblack confeccionava para ter distração. Aliás, antigamente, não era fácil comprar o boné porque para isso era preciso ter contato com alguém na reclusão.
Mesmo sendo popular na cabeça dos adolescentes e jovens de periferia é muito criminalizado. Inclusive, aos olhares preconceituosos são chamados de ‘’boné de cadeia’’. Um dos casos recentes que mostra essa problemática é do Rubens, o qual estava na porta de casa confeccionado sua mercadoria, e num enquadro os responsáveis pela ação destruíram o artigo e trouxeram-lhe prejuízo.
Disponível em <https://kondzilla.com/m/editorial-croche-de-quebrada-conta-a-historia-e-valoriza-o-produto-feitonas-quebradas> Acesso em 19 jul. 2021
O texto apresenta uma situação em que uma técnica comumente associada ao artesanato doméstico, frequentemente ligada ao estereótipo do feminino, é usada como fonte de renda de homens egressos do presídio. A recepção dessas peças denota que a sociedade enxerga essas pessoas com