Questão
Simulado UNESP
2020
1ª Fase
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A campanha de Canudos tem por isto a significação inegável de um primeiro assalto, em luta talvez longa. Nem enfraquece o asserto o termo-la realizado nós filhos do mesmo solo, porque, etnologicamente indefinidos, sem tradições nacionais uniformes, vivendo parasitariamente à beira do Atlântico, dos princípios civilizadores elaborados na Europa, e armados pela indústria alemã —tivemos na ação um papel singular de mercenários inconscientes. Além disto, mal unidos àqueles extraordinários patrícios¹ pelo solo em parte desconhecido, deles de todo nos separa uma coordenada histórica —o tempo. Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.

(In: Euclides da Cunha. Os sertões, 1984).

¹Patrício: Pessoa da mesma pátria que outra; compatriota.

Ao abordar a Guerra de Canudos, chamada à época de “campanha” pelo governo federal e a imprensa do Rio de Janeiro, Euclides da Cunha:
A
valoriza a missão civilizadora assumida pela capital federal, que contribuiu para que o sertão nordestino passasse a comungar dos valores encontrados na população do litoral. 
B
reconhece uma unidade cultural existente de ponta a ponta do território brasileiro, o que permitiu governo central e rebeldes chegarem a um acordo pacífico no fim do conflito.
C
transparece o caráter violento da campanha, mas considera-o necessário frente a ameaça que Canudos representava para a consolidação do regime republicano.
D
elogia a presença da indústria militar alemã no Brasil, que permitiu ao governo federal se armar contra os rebeldes conselheiristas.
E
condena o confronto travado entre brasileiros, ressaltando o alheamento da população da capital frente à realidade do sertão nordestino.