Questão
Universidade de Brasília - UNB
2019
Fase Única
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Discursiva

(PROPOSTA DE REDAÇÃO)

[...] uma das coisas mais perniciosas que temos nesse momento é o apodrecimento da esperança; em várias situações as pessoas acham que não tem mais jeito, que não tem alternativa, que a vida é assim mesmo... Violência? O que posso fazer? Espero que termine... Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam... Fome? O que posso fazer? Espero que impeçam... Corrupção? O que posso fazer? Espero que liquidem... Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.

Mário Sérgio Cortella. A resignação como cumplicidade, 8/11/2001. In: Internet: <www1.folha.uol.com.br>.

No início do século XVII, William Shakespeare escreveu que “Somos da mesma matéria / Da qual são feitos os sonhos”. Uma geração depois, na peça teatral A vida é sonho, o espanhol Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade de construir o próprio destino. O sonho é a imaginação sem freio nem controle, solta para temer, criar, perder e achar. No discurso “I Have a Dream” o reverendo Martin Luther King colocou no centro do debate político norte-americano a necessidade de justiça e integração racial. Num país construído por escravos africanos, seus descendentes eram obrigados a construir o “sonho americano”, mas proibidos de fruí-lo. [...] Morreu King, mas não o sonho, que vicejou e progressivamente abriu espaço para a diminuição da desigualdade racial no país.

Sidarta Ribeiro. O oráculo da noite: A história da ciência e do sonho. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã

Mais uma vez, eu sei

Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã

Espera que o Sol já vem

Renato Russo e Flávio Venturini. Mais uma vez, 1986. In: Internet: <www.vagalume.com.br>.

Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade. A flor e a náusea. 1945.

Tendo os textos e as imagens anteriores como motivadores, redija um texto dissertativo comentando a seguinte frase do filósofo Aristóteles.

A ESPERANÇA É O SONHO DO HOMEM ACORDADO