Questão
Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP
2012
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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“Ao chegar à Oban, fui conduzido à sala de interrogatórios. A equipe do capitão Maurício passou a acarear-me com duas pessoas. O assunto era o congresso da UNE em Ibiúna, em outubro de 1968. Queriam que eu esclarecesse fatos ocorridos naquela época. Apesar de declarar nada saber, insistiam para que eu “confessasse”. Pouco depois levaram-me para o pau-de-arara. Dependurado, nu, com mãos e pés amarrados, recebi choques elétricos, de pilha seca, nos tendões dos pés e na cabeça. Eram seis os torturadores comandados pelo capitão Maurício.”

(Depoimento de Frei Tito. In: FREI BETTO. Batismo de sangue. Civ. Brasileira, 1983.)

Frei Tito (1945-1974), padre da Ordem dos Pregadores, ou dominicanos, foi um dos milhares de cidadãos vítimas da tortura institucionalizada durante o período de governo dos generais na presidência do Brasil, entre 1964 e 1985. Sobre esse período de Ditadura Militar no Brasil, assinale a alternativa INCORRETA.
A
O Golpe Militar de 31 de março de 1964 pode ser inscrito numa série de “golpes preventivos” das Forças Armadas Brasileiras no desenvolvimento da política republicana entre 1946 e 1964, ou desde a retirada de Vargas até a instauração do Parlamentarismo, com Tancredo Neves como primeiro-ministro, por ocasião da recusa militar em aceitar a posse de João Goulart.
B
A tortura foi prática institucionalizada na Ditadura Militar brasileira, utilizada estruturalmente como parte das ações da chamada Doutrina de Segurança Nacional. O célebre relatório Brasil, nunca mais informa que 1.918 presos políticos atestaram terem sido torturados entre 1964 e 1979.
C
Efetivado como mais um “golpe preventivo” em favor da liberdade contra o comunismo e o terrorismo, o regime militar iniciou-se com o apoio de grande parcela da sociedade civil brasileira, de importantes associações e da imprensa. O assassinato do jornalista Vladimir Herzog por agentes do governo militar, em 1975, parece ter atraído a atenção da sociedade, das instituições e da imprensa para as atrocidades do regime, dando início a uma crescente onda de protestos e movimentações contra a Ditadura Militar.
D
As práticas de tortura foram ações individualizadas e pontuais de alguns poucos agentes radicais do governo militar, na medida em que a presença constante dos soldados nas ruas garantia um clima de paz e de segurança, com baixos índices de violência, se comparados aos dos nossos dias e, por tudo isso, no Brasil os torturadores e seus comandantes não foram indiciados ou presos, como na Argentina e no Chile.
E
Na perspectiva da história da cidadania, o período da Ditadura Militar no Brasil pode ser considerado como o das “décadas perdidas” no que se refere aos entraves para o desenvolvimento dos direitos civis, políticos, sociais, e, sobretudo, de forma integral, dos direitos humanos.