Questão
Simulado Medicina
2021
Fase Única
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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A conclamação para amar a teu próximo como a ti mesmo, diz Sigmund Freud, é um dos preceitos fundamentais da vida civilizada (e, de acordo com alguns, uma de suas exigências éticas fundamentais). Mas é também o que de mais antagônico pode haver com o tipo de razão que essa mesma civilização promove: a razão do interesse individual, da busca da felicidade. Seria a civilização, então, baseada numa contradição insolúvel? Assim parece; a se seguir as sugestões de Freud, chegaríamos à conclusão de que o preceito fundador da civilização só poderia ser cumprido caso se adotasse a famosa advertência de Tertuliano: credere quia absurdum (acredite porque é absurdo).

De fato, basta perguntar “Por que eu deveria fazer isso?” ou “Que bem isso me fará?” para perceber o absurdo de uma exigência de amar o próximo “como a ti mesmo” – qualquer próximo, simplesmente porque ele ou ela estão à vista e ao alcance. Se eu amar alguém, ele ou ela devem merecê-lo de algum modo. E ele o merecerá se for como eu de tantas importantes maneiras que eu possa amar a mim mesmo nele; ela o merecerá ainda mais se for tão mais perfeita que eu que eu possa amar nela o ideal de mim mesmo. “Mas se ele é um estranho para mim e não pode me atrair por nada que valha a pena nele próprio, ou por qualquer importância que já possa ter adquirido para minha vida emocional, será difícil amá-lo.”

BAUMAN, Zygmunt. A ética é possível num mundo de consumidores? São Paulo: Zahar, 2017.

Segundo o texto, o preceito bíblico de “amar ao próximo como a ti mesmo”, encontrada na Bíblia Sagrada, em Mateus 22, deve ser entendido como

A
uma relação possível na sociedade atual, visto que, apesar de individualista, consegue manter um pensamento voltado ao coletivo.
B
uma relação necessária em meio a uma sociedade individualista, visto que a relação sentimental é essencial à construção social.
C
uma relação antagônica extremamente forte, visto que implica uma relação de coletividade em uma sociedade individualista.
D
uma relação antagônica muito forte, visto que a sociedade está voltada ao amor incondicional ao próximo, mas não consegue alcança-lo.
E
uma relação construída pela proximidade entre as pessoas, visto que o amor pelo próximo desenvolve-se na sociedade.