A condição de cidadão é, por sua própria essência, menos confortável que a condição de consumidor, segundo Streeck (2013), sociólogo alemão. O papel de cidadão exige uma disposição disciplinada de aceitar decisões às quais podemos nos opor ou que são contrárias aos nossos interesses, porém tal insatisfação é compensada com uma espécie de “satisfação cívica” embasada na legitimidade dos processos na democracia, por exemplo. Ao contrário do consumo, a cidadania demanda que todos apoiem a comunidade como um todo, mesmo o cidadão não estando satisfeito com o que fora decidido, uma vez que não se trata de “devolver” ou pedir reembolso de produtos ou serviços.
STREECK, Wolfgang. “O cidadão como consumidor – considerações sobre a invasão da política pelo mercado”. Revista Piauí, Edição 79, Abril 2013.