... a continuidade mecânica que a historiografia e os manuais escolares estabelecem entre o Brasil de hoje e o território heterogêneo açambarcado pela América portuguesa. Ora, não passa pela cabeça de um americano confundir a história da América britânica com a dos Estados Unidos. Da mesma forma, os mexicanos, os peruanos ou os argentinos não transpõem diretamente a história nacional de seus países para o quadro dos respectivos vice-reinados espanhóis de que dependiam. No Brasil, essa identificação entre colônia e nação é imediata. Recentemente, num congresso histórico realizado numa grande universidade européia, um professor brasileiro, comentando a carta de Pero Vaz de Caminha, assinalou uma frase do documento e a definiu, sem pestanejar, como uma expressão tipicamente brasileira.
(Luiz Felipe de Alencastro. “A perenidade do Brasil”. Veja, 25.09.2002)
Do texto, depreende-se que o autor defende a idéia de que