Questão
Simulado ENEM
2021
Fase Única
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A coruja e a águia

A coruja e a águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes. 

–Basta de guerra  – disse a coruja. – O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra. 

– Perfeitamente – respondeu a águia. – Também eu não quero outra coisa. 

– Nesse caso combinemos isto: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes. 

– Muito bem. Mas como vou distinguir os teus filhotes?

– Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem-feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.

– Está feito! – concluiu a águia.

Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.

– Horríveis bichos! Vê-se logo que não são os filhos da coruja – disse ela, e comeu-os.

Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar as contas com a rainha das aves.

– Quê? – perguntou esta, admirada. – Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...

MORAL: Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. 

LOBATO, Monteiro. A coruja e a águia. In. Fábulas. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.

A situação que envolve as personagens da fábula leva o leitor a considerar que
A
é necessário acreditar na descrição de um narrador onisciente.
B
é possível acreditar na descrição feita de modo objetivo.
C
é necessário considerar o ponto de vista do enunciador.
D
é imprevisível a atitude de uma águia em qualquer circunstância.
E
é indispensável cautela ao fazer acordos.