Questão
Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP
2014
Fase Única
culpada-era-sinha163db4e0ae0
A culpada era sinha Terta, que na véspera, depois de curar com reza a espinhela de Fabiano, soltara uma palavra esquisita, chiando, o canudo do cachimbo preso nas gengivas banguelas. Ele tinha querido que a palavra virasse coisa e ficara desapontado quando a mãe se referira a um lugar ruim, com espetos e fogueiras. [...] Agora tinha tido a ideia de aprender uma palavra, com certeza importante porque figurava na conversa de sinha Terta. Ia decorá-la e transmiti-la ao irmão e à cachorra. Baleia permaneceria indiferente, mas o irmão se admiraria, invejoso.

– Inferno, inferno.

Não acreditava que um nome tão bonito servisse para designar coisa ruim.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

Esse trecho do romance se refere a uma passagem em que o menino mais velho, ironicamente, passa a inquietar-se com a ideia de um espaço imaginário (o inferno) como se fosse algo pior do que a realidade hostil que conhecia com sua família e que frequentemente ameaçava sua sobrevivência. Ao questionar o assunto com sinha Vitória, 
A
passa a assimilar as superstições que a mãe lhe transmite de maneira confusa, porém convincente.
B
recebe explicações que o amedrontam ainda mais, tornando-o temeroso da realidade sofrida do sertão.
C
compreende que a realidade que conhece é menos assustadora do que sugere a palavra que acabara de aprender. 
D
aceita o conselho de procurar diretamente a curandeira, sinha Terta, de quem ouvira, pela primeira vez, a palavra “inferno”.
E
decepciona-se por não conseguir respostas satisfatórias e também por ser agredido pela mãe, tida por ele como uma autoridade visível e poderosa.