Questão
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC Campinas
2019
Fase Única
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Os decênios de 30 e 40 foram momentos de renovação dos assuntos e busca da naturalidade (...) A maioria dos escritores estavam de fato construindo uma nova maneira de escrever, tornada possível pela liberdade que os modernistas do decênio de 1920 haviam conquistado e praticado. A posição politicamente radical de vários desses autores, como Graciliano Ramos, fazia-os procurar soluções antiacadêmicas e acolher os modos populares; mas ao mesmo tempo os tornava mais conscientes da sua contribuição ideológica e menos conscientes daquilo que na verdade traziam como revolução formal. As obras de alguns inovadores, como Clarice Lispector e Guimarães Rosa, produziram um toque novo, que só mais tarde seria captado pelo público e a maioria da crítica. 

(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987, p. 205-206, passim)

O arremate do romance São Bernardo se dá com esta determinação de Paulo Honório, narrador em ação na primeira pessoa que se dispôs a perseguir o significado de sua história:
A
“A ideia de que pudesse ter visto alguma fotografia de Escobar, que Capitu por descuido levava consigo, não me acudiu, nem, se acudisse, persistiria.”
B
“O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.”
C
“E eu vou ficar aqui, às escuras, até não sei que hora, até que, morto de fadiga, encoste a cabeça à mesa e descanse alguns minutos.”
D
“Quando Rubião voltava do delírio, toda aquela fantasmagoria palavrosa tornava-se, por instantes, uma tristeza calada. A consciência, onde ficavam rastos do estado anterior, forcejava por despegá-los de si.”
E
“E só o papagaio no silêncio do Uraricoera preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o papagaio conservava no silêncio as frases e feitos do herói.”