Os decênios de 30 e 40 foram momentos de renovação dos assuntos e busca da naturalidade (...) A maioria dos escritores estavam de fato construindo uma nova maneira de escrever, tornada possível pela liberdade que os modernistas do decênio de 1920 haviam conquistado e praticado. A posição politicamente radical de vários desses autores, como Graciliano Ramos, fazia-os procurar soluções antiacadêmicas e acolher os modos populares; mas ao mesmo tempo os tornava mais conscientes da sua contribuição ideológica e menos conscientes daquilo que na verdade traziam como revolução formal. As obras de alguns inovadores, como Clarice Lispector e Guimarães Rosa, produziram um toque novo, que só mais tarde seria captado pelo público e a maioria da crítica.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987, p. 205-206, passim)
O arremate do romance São Bernardo se dá com esta determinação de Paulo Honório, narrador em ação na primeira pessoa que se dispôs a perseguir o significado de sua história: