Em dezembro de 1649, frei Sorrento, um capuchinho italiano que esteve num tumbeiro, contabilizou novecentos cativos, e desabafou: “Aquele barco [...] pelo intolerável fedor, pela escassez de espaço, pelos gritos contínuos e pelas infinitas misérias de tantos infelizes parecia um inferno.”.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 84.
A escravização de negros africanos para o trabalho nas lavouras e nas minas do Brasil estendeu-se por quase quatro séculos. Sobre o tráfico negreiro e sobre a implementação da escravidão negra africana no Brasil colonial, considere as afirmativas e assinale a opção correta.
1. Dado o baixo preço dos escravos africanos nos entrepostos comerciais do litoral africano, os negociantes de escravos não tinham maiores interesses em preservar as vidas dos escravos ao longo da viagem nos tumbeiros, o que pode ser atestado pelas péssimas condições dos navios negreiros.
2. Os povos africanos que chegaram ao Brasil na condição de escravos compunham, em sua maioria, dois grandes grupos étnicos: os
sudaneses da África ocidental, Sudão egípcio e costa norte do Golfo da Guiné, e os bantos da África equatorial, de parte do Golfo da Guiné, do Congo, Angola e Moçambique.
3. A substituição dos indígenas, enquanto mão de obra escrava, pelos negros africanos não se deu porque os indígenas eram preguiçosos ao trabalho, mas sim porque eles se rebelavam e fugiam, diferentemente dos negros africanos, que a aceitaram mais pacificamente por já terem sido escravizados no próprio continente africano, nas guerras e disputas entre as tribos.
4. Não houve oposição contundente à escravização dos negros africanos nem por parte da Coroa, nem por parte da Igreja Católica. De fato, algumas ordens religiosas foram grandes proprietárias de escravos, alegando que a escravização já existia na África e que o transporte dos mesmos para o mundo cristão iria não apenas civilizá-los, como também salvar suas almas.