O escritor piauiense Assis Brasil possui vasta produção bibliográfica com mais de cem obras editadas, que vão da historiografia à moderna ficção. Em Beira Rio Beira Vida, rompe, mais uma vez, com a linearidade narrativa e apresenta a dolorida trajetória de três mulheres tragicamente marcadas.
“Foi o que ele disse, Mundoca: Luíza terá uma vida segura. Mas o que minha mãe queria era uma vida segura pra ela, tão medrosa com aqueles olhos murchando ante a velhice. Sabia que muito cedo os homens iam sumir da vida dela.
Com a morte do velho Santana, ela tratou logo de remodelar a fachada feia e suja do armazém, mandou botar uma platibanda enfeitada em lugar das telhas velhas que escorriam para a rua. Mandou pintar tudo (exigia tinta a óleo), e só não tacou um monte de azulejos na entrada da casa foi porque não encontrou no comércio. Queria fazer figura, como o palacete de seu Bento Mavinier era considerado o prédio mais bonito de Parnaíba, “uma jóia”, que os viajantes admiravam.
- Eu também posso enfeitar do meu gosto, não é só eles que podem.”
(BRASIL, Assis. Beira Rio Beira Vida. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. p.48-49)
A partir da leitura e interpretação do trecho, contextualizada com o restante da obra, é correto afirmar: