No espaço, sim, mas não perdido
“Chega aos cinemas Perdidos no Espaço.”
Ilustrada, 2 jul. 1998
A nave espacial já tinha vencido a zona de gravidade da Terra e aproximava-se da Lua, quando de repente o comandante arregalou os olhos: à frente deles, em pleno espaço, estava um homem.
Vestia um improvisado traje de astronauta, confeccionado com retalhos plásticos e um capacete feito de um velho aquário. Ali estava, sorridente, como se esperasse pela espaçonave.
O comandante mandou parar, e o estranho astronauta aproximou-se.
– Quer que limpe o para-brisa? – perguntou, num inglês de estranho sotaque. – Ou quer que lave toda a nave? Se quiser, pode deixar comigo. Se quiser estacionar, eu cuido também.
– Mas de onde você é? – perguntou o comandante, assombrado.
– Sou brasileiro – foi a resposta. – Faz pouco tempo que cheguei. E estou gostando muito, para dizer a verdade.
– E o que é que você faz aqui?
– De tudo um pouco, lavo espaçonaves, como lhe disse, limpo para-brisas. E tenho umas coisinhas para vender, pilhas, cassetes, fones de ouvido... Essas coisas do Paraguai, o senhor sabe. Numa viagem sempre podem ser necessárias.
A tripulação toda estava boquiaberta.
– Vocês querem saber como vim parar aqui – continuou o brasileiro. – Bem, não foi por vontade própria. Até há um mês atrás, eu estava empregado numa fábrica. Bom emprego, eu ganhava bem. Aí veio a crise. Um dia eu cheguei à fábrica e o gerente me disse: “Sinto muito. Seu emprego foi para o espaço”. Já pensou? Foi pro espaço.
Sorriu.
– Agora: eu não sou de desistir. Acho que a gente tem de correr atrás de emprego, de qualquer emprego. Se o emprego vai pro espaço –eu vou junto. É por isto que estou aqui. Não estou perdido, não. Estou lutando pela vida. O senhor não teria umas moedinhas sobrando?
SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. 1ª edição digital. São Paulo: Global Editora, 2013.
Com relação à formação das palavras marcadas no trecho abaixo, analise as afirmações a seguir.
“Vestia um improvisado traje de astronauta, confeccionado com retalhos plásticos e um capacete feito de um velho aquário. Ali estava, sorridente, como se esperasse pela espaçonave.
O comandante mandou parar, e o estranho astronauta aproximou-se.
– Quer que limpe o para-brisa? – perguntou, num inglês de estranho sotaque. – Ou quer que lave toda a nave?
Se quiser, pode deixar comigo. Se quiser estacionar, eu cuido também.”
I. A palavra “astronauta” é formada por derivação sufixal, com a entrada do sufixo “nauta” em adesão ao radical “astro”.
II. A palavra “espaçonave” é formada por aglutinação, em que unem-se dois radicais para a formação de uma nova palavra.
III. A palavra “para-brisa” é formada por justaposição, visto que se juntam dois radicais sem modificação fonética em nenhum deles.
A análise correta das afirmações é