A expressão cultura de periferia é algo que passou a ser utilizado muito recentemente, seja nos movimentos sociais ou nas pesquisas acadêmicas. Desde os anos 1980, a palavra periferia passou por um intenso processo de metamorfose semântica. Naquela década, Eder Sader havia encontrado na periferia novos personagens políticos que organizavam movimentos sociais diversos; Magnani achou o circo, o futebol de várzea, os violeiros e outras formas de lazer; e, alguns anos depois, Helena Abramo deparou-se com os jovens punks… Mesmo com todas essas peculiaridades, nos anos 1980 ainda não era comum a referência a uma cultura ou arte de periferia. Bem como, não era tão tranquilo para os jovens assumirem que viviam em regiões periféricas, seja na busca de emprego ou em alguma paquera que conseguiam em uma discoteca, por exemplo. Como morador de região periférica desde o nascimento, em minha adolescência, no início dos anos 1990, não foram poucas as vezes em que via jovens, da minha faixa etária, negarem seus bairros de origem por vergonha de terem que assumir morar na periferia.
(Disponível em https://diplomatique.org.br/cultura-de-periferia-na-periferia/. Acesso em: 23 fev. 2022)
A chamada cultura periférica pode ser entendida como: