“No fim do verão de 1835, quando Juvenal Terra voltou com sua carreta do Rio Pardo, amigos o cercaram, curiosos, e lhe pediram que contasse ‘as últimas’. […]
− Já se sente cheiro de pólvora no ar − disse Juvenal. − Se alguém acender um isqueiro, tudo vai pelos ares. […]
A todas essas São Pedro do Rio Grande vivia abandonado e esquecido pela metrópole. […] Parecia que a Corte achava que os continentinos só serviam para brigar com os castelhanos, porque quando rebentava a guerra começavam logo o recrutamento e as requisições. Terminada a luta, cessavam de pagar o soldo a tropas e esqueciam-se de resgatar as requisições. […]
Naquele mesmo dia, Juvenal transmitiu ao pai essas notícias inquietadoras. Pedro Terra ficou por algum tempo calado, e quando todos pensavam que ele as tinha esquecido, ouviram-no dizer:
− Já mataram o trigo, agora vão matar o resto.
São pior que gafanhoto, pior que ferrugem.
− Quem, Pedro? − perguntou-lhe a mulher.
− Esses malditos caramurus. […]
Entrou o ano de 1836 e a Santa Fé chegavam as mais desencontradas notícias da guerra. […] Bibiana olhava para o pai, com a boca entreaberta, o peito a arfar. Suas esperanças caíam por terra. Tão cedo não veria Rodrigo.”
VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento: O Continente. São Paulo: Globo, 1997.
Considerando o trecho acima, o todo da obra “O Continente” e seus conhecimentos, é correto afirmar que