A formação de um sistema literário no Brasil − conceito proposto por Antonio Candido para expressar a viva interação entre um autor, uma obra e um público já constituídos − começou a configurar-se no século XVIII, ao tempo da nossa tímida Ilustração. Nem sempre compreendida e aceita, essa concepção de sistema foi vista pelo crítico, poeta e teórico da poesia concreta Haroldo de Campos como um indesejável silenciamento sobre manifestações literárias anteriores, sobretudo a produção barroca de Gregório de Matos, considerado por Haroldo um criador tão inventivo que já se municiava com procedimentos de linguagem que tão caros seriam ao movimento de vanguarda poética que ele, Augusto de Campos e Décio Pignatari, três séculos depois, encabeçaram nos anos de 1950.
(Júlio Vilares, inédito)
A divergência de Haroldo de Campos em relação ao conceito de sistema literário, proposto por Antonio Candido, está no fato de que esse conceito