A fruição da arte não é imediata, espontânea, um dom, uma graça. Pressupõe um esforço diante da cultura. Para que possamos emocionar-nos, palpitar com o espetáculo de uma partida de futebol, é necessário conhecermos as regras do jogo, do contrário tudo nos passará desapercebido, e seremos forçosamente indiferentes.
O conhecimento das regras do futebol é relativamente simples. Basta alguma assiduidade às partidas para se perceberem as qualidades, os defeitos das equipes e diferentes jogadores. A arte, no entanto, exige um conjunto de relações e de referências muito mais complicadas, pois as regras do jogo artístico evoluem com o tempo, envelhecem, transformam-se nas mãos de cada artista. Tudo na arte — e nunca estaremos insistindo bastante sobre esse ponto — é mutável e complexo, ambíguo e polissêmico. Com a arte não se pode aprender “regras” de apreciação. E a percepção artística não se dá espontaneamente.
COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 115-116. (Coleção primeiros passos; 46)
a) O uso da linguagem, nesse texto, é essencialmente argumentativo sobre o futebol e sobre a arte. Explique a relação que o autor faz entre a apreciação de um jogo de futebol e a de uma obra de arte.
b) O texto apresenta operadores argumentativos que assinalam finalidade, adição, contraposição e justificativa, por exemplo. Identifique-os, transcreva-os e justifique o uso de cada um no contexto em que se encontra.