Questão
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM
2008
1ª Fase
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Ao fundo, por trás do balcão, estava sentada uma mulher, cujo rosto amarelo e bexiguento não se destacava logo, à primeira vista; mas logo que se destacava era um espetáculo curioso. Não podia ter sido feia; ao contrário, via-se que fora bonita, e não pouco bonita; mas a doença e uma velhice precoce destruíam-lhe a flor das graças. Crê-los-ei, pósteros? Essa mulher era Marcela. 

Marcela lançou os olhos para a rua, com a atonia de quem reflete ou relembra; eu deixei-me ir então ao passado, e, no meio das recordações e saudades, perguntei a mim mesmo por que motivo fizera tanto desatino. Não era esta certamente a Marcela de 1822; mas a beleza de outro tempo valia uma terça parte de meus sacrifícios? Era o que eu buscava saber, interrogando o rosto de Marcela. O rosto dizia-me que não; ao mesmo tempo os olhos me contavam que, já outrora, como hoje, ardia neles a flama da cobiça. Os meus é que não souberam ver-lha; eram olhos da primeira edição. 

(Machado de Assis, Dom Casmurro) 

Ao reencontrar Marcela, o narrador
A
entristece-se por vê-la em má situação, mesmo sabendo que ela, desde sua juventude, já não vivia bem. 
 
B
reconhece a beleza imutável de Marcela e consegue entender por que em sua juventude cometera tantos desatinos por ela. 
 
C
toma consciência de que, mesmo depois de tanto tempo, continua amando Marcela com a mesma intensidade. 
  
D
passa a questionar se os desatinos cometidos em sua juventude por Marcela valeriam a pena, de fato. 
 
E
lamenta a sua situação decrépita, mas sente-se bem por saber que ela paga pelo sofrimento que lhe causara.