Os grupos de extermínio e os matadores de aluguel são personagens comuns nos conflitos entre famílias, nas questões de terras e na disputa por poder nas periferias dos grandes centros urbanos brasileiros: "Nas capitais do Sudeste brasileiro, a matança deve-se menos a rixas entre famílias e grupos políticos", explica o sociólogo Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. Nas grandes cidades, quem mais mata são grupos organizados para mediar a guerra entre os pequenos comerciantes e os pequenos meliantes ̶ assaltantes e menores de rua. Nessa guerra, existem dois tipos de exército. Os justiceiros não agem somente sob encomenda, à moda dos pistoleiros. Fazem, quase sempre de maneira individual, rondas pelos bairros pobres ̶ no vácuo do policiamento preventivo que deveria ser feito pelas polícias militares. O segundo exército das batalhas urbanas são os grupos de extermínio, os antigos esquadrões da morte. "Os grupos de extermínio eliminam até mesmo pessoas que são apenas suspeitas de algum crime", diz Sérgio Adorno. Mais ideológicos, esses grupos praticamente substituíram a figura do justiceiro nos anos 90. Eles são produto da insatisfação das alas "duras" da polícia com a Justiça e com as políticas de respeito aos direitos humanos adotadas por governadores de estado desde que estes voltaram a ser eleitos diretamente, em 1982.
(Revista Época, 18 de janeiro de 1999, edição 35)
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