O homem e a morte
[...]
O homem já estava acamado
Dentro da noite sem cor.
Ia adormecendo, e nisto
À porta um golpe soou.
[...]
- Quem bate? ele perguntou.
- Sou eu, alguém lhe respondeu.
- Eu quem? torna. - A Morte sou.
[...]
Mas a porta, manso, manso,
Se foi abrindo e deixou
Ver - uma mulher ou anjo?
Figura toda banhada
De suave luz interior.
[...]
- Tu és a Morte? pergunta.
E o Anjo torna: - A Morte sou!
Venho trazer-te descanso
Do viver que te humilhou.
- Imaginava-te feia,
Pensava em ti com terror...
És mesmo a Morte? ele insiste.
- Sim, torna o Anjo, a Morte sou,
Mestra que jamais engana,
A tua amiga melhor.
[...]
Melhores poemas de Manuel Bandeira. Manuel Bandeira.
O trecho acima foi extraído do poema “O homem e a morte” que, segundo as concepções de gêneros e subgêneros literários