Na limpeza da casa, Nina encontra em um caixote, no porão, entre um sem número de objetos mutilados e antiquíssimos, o chicotinho com que Mário a zurzia nos dias de cólera, quando, pequena e magra, ela fazia reboar pelos corredores a sua tosse de cão, que ele abafava gritando-lhe:
– Cala a boca! cala a boca!
Calar a boca tinha sido todo o seu trabalho na vida. Com um triste sorriso desbotado, Nina separou de todos os objetos destinados para a fogueira, aquele chicotinho revelador e profético, e guardou-o como relíquia.
Para que nascera ela, senão para ser batida?
Júlia Lopes de Almeida. A falência.
Nessa cena, depreende-se